O Brasil saiu na frente em biologia molecular quando sequenciou o genoma da Xylella fastidiosa, causadora do "amarelinho" da cana, em 2000. Mas os resultados do investimento, pelo menos em número de patentes, foram abaixo do esperado. É isso que mostra um levantamento feito pelo cientometrista da USP Rogério Meneghini e pelo seu orientando Estêvão Gamba.
Em um artigo que será publicado em maio nos anais da ABC (Academia Brasileira de Ciências), eles revisaram dez anos de patentes de biologia molecular, de 1996 a 2007 (em geral, esse tipo de análise se debruça a partir dos últimos três anos).
A base verificada foi a americana USPTO, em que são registradas marcas e patentes de todo o mundo.
Nesse período, o Brasil teve um total de 279 registros de patentes em biologia molecular. O número é menos da metade do México (776) e de um terço da China (996). Mesmo assim, o crescimento de patentes do país na área foi de 3.700%.
"É preciso lembrar que partimos praticamente do zero em patentes de biotecnologia. Sob esse ponto de vista, crescemos muito", explica o engenheiro agrônomo Sérgio Salles-Filho. Ele é especialista da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) em política científica.
No entanto, o aumento da China no mesmo período foi de 5.275%. Em 1996, esse país só tinha quatro patentes em biologia molecular. "Os números do Brasil mostram que a atividade de produção tecnológica é baixa", explica Salles-Filho.
De fato, em termos de produção científica em biologia molecular, ou seja, artigos publicados, os números são bem diferentes.
Num ranking feito por Meneghini a partir da base de dados bibliográfica "Scopus", o país teve um crescimento de 515% em artigos na área --e só perdeu para a China (que cresceu 1.243%).
"Isso se deve a uma questão cultural. Ainda temos pouca cultura de patenteamento", complementa Salles-Filho, da Unicamp.
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